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terça-feira, 20 de julho de 2010

Pertinácia

Bambuzal (Foto: Crysbell - http://cristybelvvv.spaces.live.com/ )
Eu preciso ser forte, sem querer impor-me
sobre meu semelhante
E ser humilde, sem ser fraco
Preciso dar um jeito de ser respeitado
sem precisar desrespeitar ninguém
Preciso aprender com o sofrimento,
Preciso cair e levantar
para aprender a andar e poder crescer
Preciso ser justo e imparcial
Ser dotado de sabedoria,
não deixando nunca de ser simples
E compreender os incompreendidos
Como também os que não me compreendem
Preciso ser sutil sem passar despercebido
E ser combativo, sem ser violento
Preciso saber falar na hora certa
E me calar,
quando minhas palavras
de nada adiantarem
Mas, em meu silêncio,
Preciso não me sentir derrotado
e ter forças para recomeçar
Sempre que for preciso.
Texto: Ricardo Guilherme dos Santos

O Espaço Inexplorado


Poesia e romances de ficção científica são minhas maiores paixões literárias. Para ficar melhor, só mesmo juntando a elas uma outra arte: a música!

Sempre gostei também de ver sagas futuristas na TV. O primeiro seriado do gênero que me chamou a atenção foi Perdidos no Espaço. Em seguida, conheci Jornada nas Estrelas e fiquei fascinado com a série. Galactica, Buck Rogers e Guerra nas Estrelas também foram muito importantes para mim.

Ao mesmo tempo em que “viajava” com a ficção científica das séries de TV, dos livros de Júlio Verne (e outros), eu ouvia muito rock e me inspirava com a poesia de diversos autores brasileiros, principalmente Drummond, Cecília Meirelles e Olavo Bilac.

Assim eu fui crescendo: lendo poesias e romances de FC e Fantasia (sempre embalados pelo bom e velho rock ‘n’ roll).

Certo dia, quando estava no colegial (hoje o chamado “ensino médio"), uma professora colocou no quadro negro uma poesia de Drummond chamada “O Homem, As Viagens”: foi paixão à primeira vista - gravei o poema em minha mente e jamais o esqueci.

Durante a adolescência e juventude, escrevi alguns poemas e dois pequenos romances (que não cheguei a publicar), mas havia dentro de mim outra estória que me cutucava a todo instante, desejando que eu a colocasse no papel. Aliás, acho que todo amante de literatura tem alguns personagens palpitando dentro dele, querendo "existir" de fato, mas as obrigações do dia-a-dia, nessa rotina moderna tão agitada, acabam silenciando este ímpeto...

Foi assim que “O Espaço Inexplorado” ficou dentro de mim por longos anos, até que eu finalmente percebi o quão prazeroso e gratificante é transformar em realidade (sim, de certa forma os personagens tornam-se reais!) uma estória sua e ver o seu imaginário ao alcance de outras pessoas.

Quando comecei a escrever, simplesmente não consegui parar. O mais incrível foi que, enquanto escrevia, aos poucos começava a ver os personagens como se fossem filhos meus (alguns deles, filhos mais velhos que eu...). Loucura? Não, acho que não. É amor mesmo!

Então veio o primeiro volume. E o segundo surgiu rapidamente. Entretanto, eu sentia que ainda havia muito mais dessa estória para ser escrita: mais “filhos” querendo nascer, mais naves querendo ser criadas, mais alienígenas desejando ser descobertos, mais situações, mais novidades... Muito mais a ser aprendido (por mim) e compartilhado. Uma fábula espacial precisava ser concluída.

Foi quando me dei conta que havia um universo dentro de mim. E que ele precisava vir à tona. Não tive dúvidas de que era minha obrigação continuar a desenvolver a estória. E foi um imenso prazer fazer isto!

Ah, um parêntesis: se você também tem vontade de escrever, de contar suas estórias de FC e fantasia, não se acanhe. O Brasil vive um momento no qual a literatura fantástica começa a se destacar; muitos livros bons estão surgindo. Então, faça parte deste movimento - dê vida aos seus personagens!

Quanto ao livro em si, eu nunca entendi por que os grandes heróis de seriados, novelas, filmes, livros, etc, quase sempre são jovens, crianças ou adultos de meia idade. Isso parece acontecer ainda com maior frequência em tramas futuristas. Fico me perguntando: Qual seria o fator impeditivo de termos heróis idosos, principalmente no futuro, quando as pessoas certamente viverão mais de 100 anos? Eles não dariam “ibope”? Não leem muito?

Sim, eles leem bastante. E, acreditem, querem e podem ler ainda mais (principalmente se os editores pararem de diminuir cada vez mais o tamanho das letras para pouparem custos...), basta que acreditem que têm o direito de continuar sonhando. E – principalmente – que saibam que ainda podem viver muito e com bastante intensidade. Lendo, os idosos podem se sentir estimulados a também escrever; compartilhar seus conhecimentos. A sabedoria acumulada em décadas e décadas de vida não pode ser desprezada. Pelo contrário: é exatamente ela que poderá nos salvar no futuro (já pararam para pensar nisto?).

O astrônomo William e a bióloga marinha Rosana são os personagens principais desta trilogia. Ambos são centenários, possuem bastante disposição física e muita - muita - sabedoria. Ao lado deles, uma tripulação jovem e muito especial fará incríveis jornadas através de nosso universo autoconsciente e pelos oceanos da Terra. Nelas, um antigo amor será recuperado, novos seres serão encontrados, várias descobertas serão feitas e muitas outras emoções serão vividas, sempre a bordo da senciente astronave Nazareth (aqui, uma homenagem à minha banda de rock preferida).

Porém, a mais importante das viagens não pode ser feita nem mesmo com a mais moderna das espaçonaves. Quem já leu a parte final do poema de Drummond, que citei acima, sabe disso.

E então: será que estamos preparados para ela?
Livro: O Espaço Inexplorado - Os três livros da saga numa única edição
Autor: Ricardo Guilherme dos Santos
Editora: Livrus (um selo da Giz Editorial) - http://www.gizeditorial.com.br/
Coordenação editorial: Ednei Procópio
Assistente editorial: Juliana Medeiros
Comercial: Simone Mateus
Editoração eletrônica e capa: Regiane Wagner Jorge
Ano: 2010
Páginas: 352

Haverá Um Dia ( Em Português e Esperanto )

( Fotografia de Ian Britton - http://www.freefoto.com/preview/9910-05-2396?ffid=9910-05-2396 )

Haverá um dia
(Ĉu iam)
Em que todos se respeitarão
(Ĉiuj respektos sin)
E, de mãos dadas, caminharão juntos?
(Kaj, man’ en mano, marŝos kune?)

Haverá, quem sabe, no futuro
(Ĉu ekzistos — kiu scias? — estonte,)
Alguma sábia maneira
(Iu saĝa maniero)
De unir as mentes e os espíritos
(Unuigi la mensojn kaj spiritojn)
E de mostrar que todos somos um?
(Kaj montri, ke ĉiuj ni estas unu?)

Depois de tantas guerras, de todas as lutas
(Post tiom da militoj, ĉiuj luktoj,)
Após as inúmeras desavenças
(Post sennombraj diskutoj,)
Haverá, além do que nossos olhos podem ver
(Ĉu ekzistos, krom tio kion niaj okuloj vidas,)
Alguma esperança?
(Iu espero?)

Se ao menos houver um lampejo
(Se almenaŭ ekzistos ekbrilo,)
Um fio, uma fagulha de lucidez
(Fadeno, fajrero de klareco)
Que adentre o coração dos homens
(Kiu eniru la koron de l’ homoj,)
Então, talvez...
(Do, eble...)
Talvez possa a luz iluminar as trevas
(Eble la lumo povu lumigi la mallumon)
E finalmente o ódio ruir
(Kaj fi ne la malamo disfalos)
Diante da sabedoria.
(Antaŭ la saĝeco.)

Se ao menos houver um lampejo
(Se almenaŭ ekzistos ekbrilo,)
Uma centelha, um vislumbre de compreensão
(Sparko, ekvido de kompreno)
Que faça o amor tornar-se a regra
(Kiu igu la amon regulo,)
Então, talvez...
(Do, eble...)
Talvez aprendamos a arte da convivência
(Eble oni lernu la arton de kunvivado)
E possa, enfim, o egoísmo falir
(Kaj povu, fi ne, la egoismo disfali)
Vencido pela solidariedade.
(Venkite de la solidareco.)

Haverá?
(Ĉu ekzistos?)

Algum dia, quem sabe
(Iam — kiu scias? –,)
No futuro, talvez.
(En estonto, eble.)


Autor do Texto: Ricardo Guilherme dos Santos
Versão para o Esperanto: Maestro Flávio Fonseca ( flafon@gmail.com ; www.myspace.com/flafon )