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sábado, 22 de janeiro de 2011

Um povo que caminha sozinho

“Ler, segundo Freire, não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o mundo e poder lançar sua palavra sobre ele, interferir no mundo pela ação. Ler é tomar consciência. A leitura é antes de tudo uma interpretação do mundo em que se vive. Mas não só ler. É também representá-lo pela linguagem escrita. Falar sobre ele, interpretá-lo, escrevê-lo. Ler e escrever, dentro desta perspectiva, é também libertar-se. Leitura e escrita como prática de liberdade” (ALMEIDA, Fernando José de; Folha Explica Paulo Freire; Editora Publifolha; 1ª edição; 2009; página 26)

Desde criança, noto as pessoas afirmarem que o futuro do Brasil está na educação, que ela é fundamental para que as pessoas adquiram conhecimentos suficientes para fazerem as melhorias necessárias em nosso país. É claro, os governos têm muitas outras coisas com as quais se preocuparem, como condições mínimas de saúde, habitação, higiene, etc. No entanto, parece haver um consenso de que a educação está em primeiro lugar.

Existem muitas críticas ao nosso sistema educacional, dentre elas a questão do analfabetismo, além da discutível qualidade do ensino nos diversos níveis. Se tivéssemos investido mais (e melhor) na educação da população, muitos afirmam que estaríamos hoje num país ainda mais estável e promissor.

Sempre houve um ceticismo com relação à melhoria do sistema educacional no Brasil. O país tem avançado em vários aspectos nos últimos anos, na opinião de alguns graças a políticas fiscais adequadas, mas, creio eu, em grande parte devido aos seus impressionantes recursos naturais e humanos. Sim, humanos: nosso povo é muito batalhador, criativo e persistente. E tem uma característica bem peculiar: uma curiosidade impressionante, que o leva a buscar inteirar-se dos mais variados assuntos, sejam eles científicos, tecnológicos, ou (é preciso admitir) até mesmo banais.

Essa curiosidade parece fazer com que os jovens brasileiros tomem a iniciativa na busca por novos conhecimentos. Eles têm feito isso sobretudo por intermédio da leitura. A população jovem de nosso país tem lido muito. E eles não estão apenas lendo; eles leem e interpretam suas leituras, fazendo resenhas das obras literárias.

Tarefas escolares, talvez você pense. Não, não são tarefas escolares. São leituras realizadas por prazer, por hobby e sobretudo pela alegria de ler, desvendar novos mundos e adquirir conhecimentos.

Se for realizado no site de pesquisa Google um levantamento da quantidade de blogs literários que existem atualmente no Brasil, esse fenômeno ficará comprovado. A cada dia, novos jovens decidem criar seu próprio blog, fazendo parcerias com autores e editoras. Eles ganham alguns livros, adquirem outros, e todos eles são lidos e resenhados com uma voracidade impressionante.

A leitura e a escrita são fundamentais no processo educativo. Isso é fato. E, pelo que observo, no Brasil elas caminham a passos largos, seguros, graças ao gosto de nossos jovens pela cultura. Se o Governo Federal encontrar um meio de diminuir os custos dos livros, e se as demais esferas governamentais investirem mais nas bibliotecas públicas, a expansão dessa forma de conhecimento será ainda mais notável.

Outro fenômeno interessante: muito se fala hoje em dia sobre redes sociais, como Orkut, Facebook e Twitter, mas nem todos sabem que existe no Brasil uma nova rede social, específica para livros e leitores: o Skoob. Atualmente, são quase 300.000 membros cadastrados, número que aumenta a cada dia. A maioria, jovens leitores, distribuídos por todos os cantos do Brasil. No Skoob, os próprios usuários fazem o cadastro dos livros (148.413 no momento em que escrevo esse texto) e os avaliam, conferindo-lhes de uma a cinco estrelas, podendo ainda tecer comentários sobre as obras, participar de grupos e fazer novas amizades. Essa rede social é mais um exemplo de como a leitura é valorizada pelos brasileiros. E ela revela outro fato promissor: a quantidade de novos escritores que tem surgido em nosso país, muitos deles bastante jovens.

Em resumo, mesmo sem grandes incentivos de seus governantes, a educação no Brasil pode melhorar, pois temos um povo curioso e empreendedor, que está sempre ávido por novos conhecimentos. Um povo que caminha sozinho.

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